Tic-tac, tic-tac. Meus pés tinham de emcubido de ter movimentos próprios e repentinos, ia e voltava com uma facilidade tamanha, e surpreendente. Só ouvia o barulho do ponteiro do relógio se confundir com o canto demasiado das cigarras , do lado de fora de minha casa. Minha janela tinha se tornado um cemitério de cinzas, e como eu desejaria ser uma delas, não havia mais espaço para nem sequer um soprinho.
Era tortuante e ao mesmo tempo confortador esse sentimento de perda, e de vitória ao mesmo tempo. Há tempos não colocava um bom som para tocar na minha sala, ou era por falta de companhia , ou.... é, era por falta de companhia.
Se eu parasse para ageitar os cabelos logo viria um vestigio seu, de tamanho qualquer, miudo ou não, ali viria. Dessa forma fui preferindo apenas me entregar a doce canção que meus joelhos insistiam em seguir.
Era um terça-feira, dessas terças feiras normais e sem nada demais. As contas viriam pra minha casa, eu teria que pagá-las, teria que limpar meu apartamento, cozinhar, caminhar, continuar. Irônico, ironico e egoista é esse tal de amor...de destino.
Por uma fração de segundos ainda tivemos um ao outro, o meu lençol na tua perna, seus dedos em meu cabelo, ilusório. Todas as palavras são tao efemeras, que hoje sou convicta de que promessas não são contratos, muito menos duradoras. Eu não quero que minha campainha toque, não quero ouvir o toque do meu celular, muito menos o interfone.
Talvez, essa indiferença, por um lado possa ser construtiva, afinal, quem nunca cresceu com a perda? Ta ai, perda. Palavrinha assustadora, sem porques, e definitivamente realista. Perda. Todo mundo lida com perdas, fracassos, e mais perdas. Essa não seria a ultima delas.
Sua imagem está distorçida no chão do meu banheiro, e eu nem meço mais esforços para consertá-la. Não é que eu não queria mais cançoes de amor, só que no momento, to muito mais pra Eddy Vedder a Alanis Morisette.
Conseguiu tudo o que queria, uma platéia, um enredo, e uma atriz principal. Parabéns, e meus aplausos dessa vez serão de pé. Estonteante sensação de vitória, não é mesmo? Até parece um orgasmo, um delicioso e demorado orgasmo, único, e passageiro.
A canção do meu rádio já esta acabando, mas eu insisto em querer acompanhar a música. Mera distração, obra do acaso. Nem me recordo mais da ultima vez, de todas as nossas ultimas vezes. Nem me recordo mais de muitas coisas.
E não é que ainda coube uma cinza a mais na minha janela, que ironia.
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